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Vetbizz

Vetbizz – 1º Encontro Anual de Gestão Veterinária

Vetbizz - 1º Encontro Anual de Gestão Veterinária

Sucesso. Esta é a palavra que melhor descreve o Vetbizz, o primeiro encontro realizado em Portugal sobre gestão veterinária que reuniu no passado dia 21 de Setembro no Hotel Villa Rica, em Lisboa, 170 médicos veterinários à volta de temáticas relacionadas com a gestão aplicada ao meio veterinário. Será que para vencer na profissão os veterinários terão de pensar como verdadeiros gestores?

 

 

“Acho que esta é uma iniciativa de louvar e que correu muito bem. As pessoas foram participativas, gostaram do que ouviram e para um primeiro evento deste género sinceramente acho que correu lindamente”. É desta forma que Jorge Cid, director clínico do Hospital Veterinário do Restelo, faz um balanço do Vetbizz – 1º Encontro Anual de gestão Veterinária organizado pela revista Veterinária Actual e pelo Grupo IFE – International Faculty for Executives. “Há uma preocupação cada vez maior de prestar um bom serviço e numa altura em que existe uma concorrência tão grande, as pessoas tentam preocupar-se com os temas de gestão e marketing”, refere Jorge Cid que juntamente com Manuel Sant’Ana, docente da Escola Universitária Vasco da Gama e Luís Montenegro, director clínico do Hospital Veterinário do Montenegro começaram o Vetbizz a analisar a fórmula mais indicada para melhorar a gestão de uma clínica de forma a rentabilizar um negócio. Ao contrário do modelo praticado por várias clínicas espalhadas pelo país, Jorge Cid defendeu que a melhor forma de se diferenciar da concorrência e angariar novos clientes passa por “fidelizar os clientes e aumentar os preços. Temos de competir pela qualidade e não pelo baixo preço. Os clientes que procuram os valores mais baixos não são fiéis e fogem facilmente”, referiu Jorge Cid sem deixar de acrescentar: “os clientes têm de perceber que estão perante um bom serviço, perante uma mais-valia e pela qual têm de pagar”. E desafiou os colegas de profissão a seguirem o seu exemplo: “se todos aumentarem os preços não vamos perder clientes”.

A importância de vestir a camisola

 

Já Luís Montenegro preferiu destacar a importância de uma boa equipa e confessou usar uma gestão intuitiva. “Tenho feito uma abstracção consciente da parte monetária e a situação da clínica está estável. Devido à actual crise não temos crescido muito, mas tenho a melhor equipa do mundo a trabalhar comigo, todos vestem a camisola. Não contrato uma pessoa quando preciso, mas quando vejo que alguém é muito bom e sei que pode prestar um bom trabalho”. É este o segredo do sucesso para Luís Montenegro: “a minha estrutura não é muito grande, mas que funciona pela equipa que tenho. Se ficamos muito comerciais os clientes não gostam”. Ainda no decorrer da mesa redonda, Manuel Sant’Ana lembrou que os médicos veterinários são vistos como “os últimos guardiões dos animais de companhia. Temos a obrigação de ser boas pessoas, mas não isso não chega para gerir bem um negócio. Não podemos ter consultas a 20 euros pois o cliente só reconhece o nosso trabalho se ele tiver valor”. Segundo o docente, uma gestão eficiente “só se faz se formos capazes de reconhecer as nossas fraquezas (por exemplo através de um questionário enviado aos clientes para apontarem as nossas falhas) e utilizar esse mesmo questionário para investir em nós próprios, na clínica e nos nossos colegas”.

A ameaça do Espaço Animal

 

O Espaço Animal nas farmácias foi outro dos temas abordados na mesa redonda. Para Jorge Cid é a grande ameaça do futuro. “É uma situação “gravíssima” que vai roubar uma importante franja de mercado. Manuel San’Ana não se opõe à venda dos medicamentos nas farmácias e preferiu questionar até que ponto o farmacêutico não deve redireccionar o cliente para o médico veterinário, uma vez que “não presta um ser serviço clínico”. Luís Montenegro aproveitou a ocasião para referir que esta pode ser uma boa oportunidade para “encontrar um ponto de encontro, uma boa parceria com os farmacêuticos” e confessou estar mais preocupado com os espaços Pet and Plant que mais cedo ou mais tarde vão surgir nas grandes superfícies. Um tema que captou a atenção da assistência e que promete incendiar futuros debates.

Face às dificuldades enfrentadas pelos médicos veterinários, foi com alguma surpresa que os participantes assistiram à apresentação dos resultados de Artur Alves, responsável de Gestão-Marketing e Estratégia do Grupo HVBV (Hospital Veterinário do Baixo Vouga). No âmbito da palestra ‘como criar ou expandir um negócio em medicina veterinária no actual contexto económico’ Artur Alves lançou um alerta: “devemos melhorar o nosso negócio e no entanto estamos muito concentrados no Espaço Animal. A recessão económica que aí vem será uma ameaça muito maior”. Apesar da crise, Artur Alves revelou os números do seu novo projecto – a Policlínica de Aveiro que em 2010 já atingiu os objectivos inicialmente traçados. Ao contrário do que habitualmente acontece em medicina veterinária – onde se tentam esconder as estratégias e os valores investidos numa clínica ou hospital – Artur Alves acredita que “o futuro passa por haver mais abertura para que se possam tomar as decisões mais acertadas”. E aproveitou para revelar alguns passos importantes quando se está a definir uma estratégia: avaliar o mercado, analisar os pontos fortes e fracos, definir o público-alvo e criar algo novo como por exemplo um hotel animal associado a uma clínica veterinária. “Temos de criar novas necessidades e diversificar o nosso negócio. Porque não um SPA que promova o bem-estar animal?” Ideias não faltam ao médico veterinário que nos últimos anos tem dedicado mais importância à formação em gestão. Os resultados estão à vista.

 

Longe de querer abrir um novo negócio, Luís Morais aproveitou a ocasião para chamar a atenção para a falta de especialização na medicina veterinária. “Somos o único país da Europa que não faz especialidades, internatos”, referiu o director do Centro de Diagnóstico Veterinário. “O antigo conceito de clínica veterinária acabou. Há que inovar, sem que isso seja garantia de sucesso”.

Legislação, novos clientes e marketing

As sessões da tarde foram dedicada ao painel de recursos humanos e de marketing, onde os participantes puderam ter oportunidade de ouvir Ilídio Faria, director da Fiducial, revelar como se adapta um negócio às restrições e à falta de orçamento disponível e Carla Carvalho Dias, directora geral da Visão Integrada explicar como se lidera para ter um serviço de excelência. Coube a Brígida Pratas, da ADDECO, explicar como se contrata a atitude certa num colaborador e Susana Afonso Costa, sócia do escritório de advogados Rui Pena Arnaut & Associados fazer um breve resumo das questões relacionadas com a legislação laboral.

Para finalizar o Vetbizz Eugénia Brito Raimundo, docente do Corporate Education, IPAM, abordou as principais estratégias para gerir e conquistar novos clientes, enquanto Bruno Martins Soares, consultor, deu dicas para posicionar um negócio para responder às exigências do mercado antes de se juntar a Filipe Gil, director editorial e de publicações da IFE, Eugénia Brito Raimundo e Someia Umarij, directora da Zenvet para discutirem em mesa redonda a melhor forma de utilizar o marketing mix para fazer crescer uma clínica. E foi Someia Umarij que deixou uma ideia simples de colocar em prática, mas que pode dar muitos frutos: “porque não pedir o email ao cliente, durante a consulta, e duas semanas depois enviar uma mensagem a perguntar como está o animal?”. Um gesto simples e que por certo irá impressionar pela positiva o dono do animal.

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